domingo, 9 de dezembro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS CONTINUA EM QUEDA !


Nasci, sem que ninguém fizesse um referendo,
e, as consequências,
ainda estão sendo quantificadas.


Senti-me, sem que ninguém me tocasse,
e, logo o mundo se abriu,
logro,
embuste e hipocrisia,
queimaram os meus dias.


Saltei, no vazio, sem que ninguém me avisasse,
e, sem bater em nenhum obstáculo,
continuo em queda,
espiral descendente.


O homem que cheira mal dos olhos continua em queda, desde que rompeu o seu vínculo.


O homem que cheira mal dos olhos, mal abriu os olhos, iniciou a sua queda.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS SAI SEMPRE DO REBANHO !


Os dias, muito mais as noites,

na sua devastadora sucessão,

obrigam-me a um esforço tremendo,

para não cair na mediocridade.


Desde que caminho nesta dimênsão,

preso a um corpo que pesa

e que tresanda a morte,

sinto uma crescente admiração

pela massa anónima que sustenta o mundo.


O exército invisível marcha, frio,

executando o trabalho que ninguém quer,

mergulhado em ultrage,

gente sem ego nem som surround,

enganados até à medula,

traídos nas suas ilusões adsl.


Já dei por mim perfilando na canalha.

Já saí do rebanho em pânico e voltei a entrar derrotado.


Não passo de um eterno repetente.

O homem que cheira mal dos olhos sai sempre do rebanho !




segunda-feira, 22 de outubro de 2007

NENHUMA RIQUEZA PODE COMPRAR O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS


Difícil é ignorar.

Fingir que não se sente o seu arfar.

Hálito podre e vidas desperdiçadas.


Fácil é concordar.

Registar-se no clube dos cúmplices.

Projecto falhado em nome do conforto.


Um prêço altíssimo,

o que têm de pagar

para experiênciar

o cortejo da minha alma vendida.


No leilão-limbo dos queixumes,

zona perigosa dos que não viveram

e não deixaram viver,

ergo, majestosa, a minha indiferença.


Ainda não se juntou tamanha riqueza no mundo

que possa comprar o homem que cheira mal dos olhos .



terça-feira, 9 de outubro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS TEM A ALMA ENEGRECIDA PELO SOL


É com surpresa que constato o nascimento de um novo dia.


Experiência eternamente debutante,

esta,

de de ver parir uma nova esperança,

um campo de batalha aberto a todas as possibilidades.


É com ardor e cegueira,

que tento olhar o sol imberbe de frente,

explodindo em mil faíscas.


Fujo da luz saturada.

Evito as bajulações de esmalte.


Caio no alçapão dos que querem ser esquecidos.


Contra-luz e cobertor de veludo negro.

Cobre-se de viela escura,

a alma do homem que cheira mal dos olhos.

sábado, 6 de outubro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS VESTE-SE DE INVISÍVEL


Sinto que chegou o momento de ficar invisível,

aos olhos de quem satura o meu espaço,

de quem conspurca,

acessório

nojo.


Sinto que flutuo, suspenso,

por cima da canalha empanturrada,

engasgada de lugares comuns,

nudez

vergonha.


Deixar de ser um número.

Esquecer-se.

Limbo voluntário.

Branco saturado.


O homem que cheira mal dos olhos veste-se de invisível.




segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS DESVENTRA-SE


Hoje dei pelo meu ventre escancarado,

pendurado de entranhas,

pingando.

quando reagi,

danos irremediáveis aconteceram,

e parte dos meus segredos habitaram na boca dos canibais.


Cólicas para os que petiscaram,

os atrevidos nem sempre ganham o céu,

quanto mais o inferno.


Que se fiquem com o dejecto

da sua própria mediocridade.
O homem que cheira mal dos olhos desventra-se aos poucos.

assume a sua própria insignificãncia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS ESQUECEU O IDEÁRIO PARA LUTAR.


As imagens sucedem-se como ratos,

e o seu pseudo-padrão produz ruído branco.


A capacidade de me chocar

e a sensação de vómito

dão lugar á indiferença.


Anseio pelo Big Brother,

onde, quem morra com estilo,em directo,

tenha direito á melhor catering

durante o seu velório.


Assisto impávido,

ás orgias das medíocres imagens

autênticos banhos de esperma coalhado.


Observo esta devastação insana

e relembro todas as batalhas perdidas.

Todo o sangue derramado em vão...em nome de Deus.


O homem que cheira mal dos olhos esqueceu o ideário para lutar.


domingo, 16 de setembro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS AMA OS SEUS FILHOS QUE AINDA NÃO NASCERAM


Meio mundo, bajula aqueles que possuem o fogo roubado,

na esperança que umas chispas

saltem e incendeiem

o seu mediocre reduto.


Outro meio mundo, esgota cruelmente a energia que sobra,

numa sobrevivência desesperada

por uma chama crente

num amanhecer sem lobos.


Os senhores deste mundo, em queda,

definitivamente,

não amam os filhos dos seus filhos.


O homem que cheira mal dos olhos

ama os seus filhos que ainda não nasceram.


Nunca nascerão!!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS PENSOU QUE NASCEU



A voragem do tempo enlouquece os homens,
e alianças seculares quebram-se.


Correm, correm aqueles que inaptos,
fazem das suas quedas
futuras vinganças terríveis.


O apetite pelo falso futuro,
turva de saliva
os rios destinados aos nossos filhos.


O povo envelhece mal
porque as crianças recusam-se a nascer.


O homem que cheira mal dos olhos nasceu
pensando que era o seu tempo.


O homem que cheira mal dos olhos morreu

pensando que nasceu.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS BUSCA O SILÊNCIO


Lembro o saque de constantinopla de cristãos sobre cristãos,

algures, nos vergonhosos séculos da penumbra católica,

Lembro tambêm, que o homem nunca irá perder os seus instintos mais básicos,

apesar da ditadura carnívora dos economistas

querer nivelar todo o humano num algorítmo.


Esqueço para aquilo que vim.

Esqueço todos os meus fundamentos.

Esqueço quem me sorriu quando eu dormia.


Desconfio do céu que me cobre e refugio-me nos vales profanos,

onde as bruxas não se maquilham.


O silêncio,

de e para,

é tudo o que o homem que cheira mal dos olhos busca.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

ATERRA QUE ALIMENTOU O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS NÃO O MERECE


Nasci numa porção de terra periférica.

Por alguma razão, que me ultrapassa,

descontinuidade e vertigem

toldam-me os ossos,

outrora assíduos em cálcio.

Nego a terra que me alimentou.

A terra que me alimentou nega-me.

Esta zona de improviso não merece o homem que cheira mal dos olhos.

domingo, 5 de agosto de 2007

O POVO NÃO GOSTA DO HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS


O povo, essa massa anónima, evolui e atropela-se
numa sala que esgotou há muito
a sua capacidade.

O povo, essa corrente irracional, sonha ansioso
os seus momentos de lazer num paraíso de papel de parede

e, quando cai a ficha,
vê-se numa praia onde o grão de areia é mais raro
que as ovas de esturjão.

O homem que cheira mal dos olhos foge do povo.
O povo não gosta do homem que cheira mal dos olhos.

e

segunda-feira, 23 de julho de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS VIU O LIXO DEBAIXO DA ALCATIFA


O mundo abre-se,
qual meretriz aspirante a dona de casa:

doses oníricas de contrastes naturais, mixam rebanhos em fuga;
vegetação autóctone ameaçada por raios fanta;
comunidades do submundo rural organizam excursões amigas do betão;
paisagem possível em programa de reciclagem e
alguém levanta a alcatifa
e esconde o lixo.

Não sou desta paisagem!

quarta-feira, 11 de julho de 2007

SENSORES DETECTEM O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS


A última coisa que quero é acordar morto,
pensar tratar-se de um delírio glaciar.
A máscara que a vida nos impõe,fria,
faz mais estragos que noites perdidas.
Anseio sensores que detectem riso,
alegria á flor da pele,
epidermes suando sentimentos veros.
Não sou deste tempo!

domingo, 8 de julho de 2007

DESCONFIEM DO HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS


O alheamento que experimento em relação aos néons
permite-me um poder de abstracção tal,
que deita por terra qualquer ilusão.
No meu cérebro, reacções ruidosas,
preparam-me o acesso para a infinita possibilidade
de eu próprio nunca ter habitado qualquer útero.
Dói-me o pensamento.
Desconfio do pensamento.
Materializo o atalho no escuro
e caminho sem evitar as urtigas.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

AINDA O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS


Minto se afirmasse, que as lantejoulas me passam despercebidas,
centos de panejamentos de cores saturadas
ofuscam os meus sentidos,
só o genuino aroma fétido dos arbustos de um claustro,
me fixam ao que é essêncial:
caminhar, sempre, rumo á luz que cega!

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS


Não sou deste tempo. Um tempo em que se aboliu dos serões,
a fogueira redentora dos medos,
as lendas transmitidas pelo mais velho,
os penicos depositários das dúvidas,
o despertar luminoso antes da aurora.

Abro os olhos quando os outros não olham para mim
meto a língua de fora e saboreio a humidade.

Não sou deste tempo. Um tempo em que as criãnças
não têm o direito de se magoarem a brincar