sexta-feira, 16 de julho de 2010

ENTARDECER LENTO E VICIANTE!


Não pôde deixar de ouvir os sons, assim como um entardecer lento e viciante. Os seus amigos gastaram a sua juventude, fugindo da realidade á custa dos psicotrópicos, correndo que nem loucos atrás do cão branco da depressão e agora ele, o animal cobrador, come-os sem têmperos, eles ouviram os mesmos sons...não pôde deixar de os ouvir, ainda que nunca se entregasse á besta. Retirar sempre o essêncial do ruído branco do ladrilho da casa de banho, enquanto não vem as feses em catadupa, sangue. Os mesmos sons, pálidos polaroids, anos passaram e o sonho cristalizou naquela cena de rua abaixo a arrancar os espelhos dos carros...tanta energia e tão pouco avanço os dias do tédio.


Ainda ouve, nostálgico, Felt, como os sons mais antigos dos primeiros homens, primitive painters, primeiro grito do primeiro ser humano.


O homem que cheira mal dos olhos carrega o passado, largando a carga aos poucos pelo trilho tortuoso.