quarta-feira, 15 de agosto de 2007

ATERRA QUE ALIMENTOU O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS NÃO O MERECE


Nasci numa porção de terra periférica.

Por alguma razão, que me ultrapassa,

descontinuidade e vertigem

toldam-me os ossos,

outrora assíduos em cálcio.

Nego a terra que me alimentou.

A terra que me alimentou nega-me.

Esta zona de improviso não merece o homem que cheira mal dos olhos.

domingo, 5 de agosto de 2007

O POVO NÃO GOSTA DO HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS


O povo, essa massa anónima, evolui e atropela-se
numa sala que esgotou há muito
a sua capacidade.

O povo, essa corrente irracional, sonha ansioso
os seus momentos de lazer num paraíso de papel de parede

e, quando cai a ficha,
vê-se numa praia onde o grão de areia é mais raro
que as ovas de esturjão.

O homem que cheira mal dos olhos foge do povo.
O povo não gosta do homem que cheira mal dos olhos.

e