quarta-feira, 22 de julho de 2009

O FÉTIDO PORTÃO DA EXISTÊNCIA


O homem que cheira mal dos olhos espreguiça,
abre os braços em abandono e sente a proximidade das paredes.
Os muros estreitam-se
O tempo urge
Urgente se torna a perpetuação da sua raça,
a raça daqueles que perseguem a verdade,
a verdade da última finalidade,
a finalidade de passarmos tantas humilhações.

O homem que cheira mal dos olhos já baixou as calças,
Foi comido vezes sem conta,
sem nunca ver os rostos famintos dos seus algozes.
A maior humilhação é possuir
sem nenhum prazer sentir,
e essa será a maior derrota dos poderosos.

O homem que cheira mal dos olhos quase vazou os seus olhos,
tentando esquecer a sua vergonha,
por isso é que caminha incessantemente
e escolhe os trilhos mais acidentados.
Os seus pés semeiam carne e sangue,
marcando o mapa da sua ancestral passagem
pelas rotas dos malditos.

Despojado de tudo e de todos,
mais livre do que nunca,
o homem que cheira mal dos olhos, nunca deixou de possuir,
em toda a sua glória,
a chave ferrugenta que abre o fétido portão da existência.

O homem que cheira mal dos olhos há muito que perdoou os infelizes que se atravessaram no seu caminho...

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