Antes que alguma ideia de morte visitasse o viajante que nasceu fora do tempo, um enorme frontespício num livro descosido de tão usado, anunciava a sua gloriosa morte.
Morte morrida virtual.
Delírio deliberado de um iluminista com formação classicista, sonhando com a era dourada de um unicórnio castrado.
Mas a morte estava lá, insinuante, em cada letra magistralmente pintada, púrpura de sangue pisado.
O viajante não se recorda de ter apanhado as suas tripas naquele chão. Conhecia-lhe o pisar, mas não o arrojar.
O viajante sabia apenas que nunca devia ter abortado neste país que não o reconhecia.
O território dos nados-mortos que se vendem por uma ideia de paraíso.
Morrer só e praguejar o último esgar em frente á caverna do cão branco, mas, ainda não se cumpriram as profecias do tal império que, aceitando os ingénuos, repudia os políticos.
A Pólis de cádmio sonhada em dias cinzentos, celebra os seus derradeiros dias de reclusão.
4 comentários:
onde não está a morte meu querido amigo? com quantas vestes ela se passeia diariamente por entre nós?
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amo a tua escrita.
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a vida depois vai passando por nós dada pelos que connosco se cruzam. assim foi e assim será!
Das trevas emergido, terá o demiurgo determinado o nome dado à cor que então brilhou. Cádmio será. Tal como a irrevogável condição que, desde então, o leva a procurar sem cessar a purpúrea sombra da sua existência. E no fundo, secretamente, assim o desejou, enfadado de afagar o umbigo.
À queda da ascese!
Saúdo-te com meio poema
[ http://xpeculum.blogspot.com/2008/11/pas-de-deux-p2.html ]
a morte está sempre
em cada gota
das nossas desilusões
dos nossos medos sempre
jacentes.............
hoje não foi o melhor dia para te ler. não estou...
mas espero que isto me passe.
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