quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

PÓLIS DE CÁDMIO SONHADA




Antes que alguma ideia de morte visitasse o viajante que nasceu fora do tempo, um enorme frontespício num livro descosido de tão usado, anunciava a sua gloriosa morte.



Morte morrida virtual.



Delírio deliberado de um iluminista com formação classicista, sonhando com a era dourada de um unicórnio castrado.



Mas a morte estava lá, insinuante, em cada letra magistralmente pintada, púrpura de sangue pisado.



O viajante não se recorda de ter apanhado as suas tripas naquele chão. Conhecia-lhe o pisar, mas não o arrojar.



O viajante sabia apenas que nunca devia ter abortado neste país que não o reconhecia.



O território dos nados-mortos que se vendem por uma ideia de paraíso.



Morrer só e praguejar o último esgar em frente á caverna do cão branco, mas, ainda não se cumpriram as profecias do tal império que, aceitando os ingénuos, repudia os políticos.



A Pólis de cádmio sonhada em dias cinzentos, celebra os seus derradeiros dias de reclusão.



4 comentários:

Anónimo disse...

onde não está a morte meu querido amigo? com quantas vestes ela se passeia diariamente por entre nós?
...
amo a tua escrita.

...

a vida depois vai passando por nós dada pelos que connosco se cruzam. assim foi e assim será!

XruiM disse...

Das trevas emergido, terá o demiurgo determinado o nome dado à cor que então brilhou. Cádmio será. Tal como a irrevogável condição que, desde então, o leva a procurar sem cessar a purpúrea sombra da sua existência. E no fundo, secretamente, assim o desejou, enfadado de afagar o umbigo.
À queda da ascese!
Saúdo-te com meio poema
[ http://xpeculum.blogspot.com/2008/11/pas-de-deux-p2.html ]

Frioleiras disse...

a morte está sempre
em cada gota
das nossas desilusões
dos nossos medos sempre
jacentes.............

margarida já muito desfolhada disse...

hoje não foi o melhor dia para te ler. não estou...


mas espero que isto me passe.