quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

PÓLIS DE CÁDMIO SONHADA




Antes que alguma ideia de morte visitasse o viajante que nasceu fora do tempo, um enorme frontespício num livro descosido de tão usado, anunciava a sua gloriosa morte.



Morte morrida virtual.



Delírio deliberado de um iluminista com formação classicista, sonhando com a era dourada de um unicórnio castrado.



Mas a morte estava lá, insinuante, em cada letra magistralmente pintada, púrpura de sangue pisado.



O viajante não se recorda de ter apanhado as suas tripas naquele chão. Conhecia-lhe o pisar, mas não o arrojar.



O viajante sabia apenas que nunca devia ter abortado neste país que não o reconhecia.



O território dos nados-mortos que se vendem por uma ideia de paraíso.



Morrer só e praguejar o último esgar em frente á caverna do cão branco, mas, ainda não se cumpriram as profecias do tal império que, aceitando os ingénuos, repudia os políticos.



A Pólis de cádmio sonhada em dias cinzentos, celebra os seus derradeiros dias de reclusão.