segunda-feira, 22 de outubro de 2007

NENHUMA RIQUEZA PODE COMPRAR O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS


Difícil é ignorar.

Fingir que não se sente o seu arfar.

Hálito podre e vidas desperdiçadas.


Fácil é concordar.

Registar-se no clube dos cúmplices.

Projecto falhado em nome do conforto.


Um prêço altíssimo,

o que têm de pagar

para experiênciar

o cortejo da minha alma vendida.


No leilão-limbo dos queixumes,

zona perigosa dos que não viveram

e não deixaram viver,

ergo, majestosa, a minha indiferença.


Ainda não se juntou tamanha riqueza no mundo

que possa comprar o homem que cheira mal dos olhos .



terça-feira, 9 de outubro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS TEM A ALMA ENEGRECIDA PELO SOL


É com surpresa que constato o nascimento de um novo dia.


Experiência eternamente debutante,

esta,

de de ver parir uma nova esperança,

um campo de batalha aberto a todas as possibilidades.


É com ardor e cegueira,

que tento olhar o sol imberbe de frente,

explodindo em mil faíscas.


Fujo da luz saturada.

Evito as bajulações de esmalte.


Caio no alçapão dos que querem ser esquecidos.


Contra-luz e cobertor de veludo negro.

Cobre-se de viela escura,

a alma do homem que cheira mal dos olhos.

sábado, 6 de outubro de 2007

O HOMEM QUE CHEIRA MAL DOS OLHOS VESTE-SE DE INVISÍVEL


Sinto que chegou o momento de ficar invisível,

aos olhos de quem satura o meu espaço,

de quem conspurca,

acessório

nojo.


Sinto que flutuo, suspenso,

por cima da canalha empanturrada,

engasgada de lugares comuns,

nudez

vergonha.


Deixar de ser um número.

Esquecer-se.

Limbo voluntário.

Branco saturado.


O homem que cheira mal dos olhos veste-se de invisível.